quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

NATAL ARCO-ÍRIS: MOVIMENTANDO EM 2010 PARA A LIBERDADE

O que é, O que é?
( Gonzaguinha)
Eu fico Com a pureza
Da resposta das crianças
É a vida, é bonitaE é bonita...
Viver!
E não ter a vergonha
De ser feliz
Cantar e cantar e cantar
A beleza de serUm eterno aprendiz...
Ah meu Deus!
Eu sei, eu sei
Que a vida devia ser
Bem melhor e será
Mas isso não impede
Que eu repitaÉ bonita, é bonita
E é bonita...
E a vida!E a vida o que é?
Diga lá, meu irmão
Ela é a batidaDe um coração
Ela é uma doce ilusãoHê! Hô!...
E a vida
Ela é maravilha
Ou é sofrimento?
Ela é alegria
Ou lamento?
O que é?
O que é?
Meu irmão...
Há quem fale
Que a vida da gente
É um nada no mundo
É uma gota, é um tempo
Que nem dá um segundo...
Há quem fale
Que é um divino
Mistério profundo
É o sopro do criador
Numa atitude repleta de amor...
Você diz que é luxo e prazer
Ele diz que a vida é viver
Ela diz que melhor é morrer
Pois amada não é
E o verbo é sofrer...
Eu só sei que confio na moça
E na moça eu ponho a força da fé
Somos nós que fazemos a vida
Como der, ou puder, ou quiser...
Sempre desejada
Por mais que esteja errada
Ninguém quer a morte
Só saúde e sorte...
E a pergunta roda
E a cabeça agita
Eu fico com a pureza
Da resposta das crianças
É a vida, é bonita
E é bonita...



É isso aí...E a moral da história está sempre na glória de fazermos o que nos satisfaz!

Aos gays-noéis, lés-noéis e trans-noéis...um arco-íris de felicidades!

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

A Igreja Luterana da Suécia – a maior do país – deve começar a realizar casamentos entre pessoas do mesmo sexo a partir do mês que vem.
Cerca de 70% dos 250 membros do sínodo da igreja votaram a favor da medida, tornando-a uma das primeiras grandes igrejas do mundo a permitir o casamento gay.
O governo da Suécia aprovou uma nova lei em maio garantindo a casais homossexuais os mesmos direitos concedidos a casais heterossexuais.
Cerca de três quartos dos suecos são membros da Igreja Luterana, apesar de o número de praticantes ser relativamente baixo.
A Igreja Luterana diz que a partir de novembro qualquer um de seus pastores poderá celebrar casamentos entre homossexuais.
Pastores individuais não serão “forçados” a celebrar os casamentos gays, mas poderão ser substituídos para as cerimônias caso se recusem.
Apoio
A igreja, que até 2000 estava sob o controle do Estado, apoiou a decisão do governo de legalizar os casamentos gays em maio.
Mas alguns líderes religiosos defenderam que as cerimônias da igreja e o termo matrimônio sejam reservados às uniões heterossexuais.
Outros se opuseram à nova lei argumentando que ela seria contrária às escrituras religiosas.
“De minha parte, acho que a decisão correta foi tomada, mas tenho empatia com os muitos que acreditam que isso foi longe demais”, afirmou o arcebispo da Suécia, Anders Wejryd.
O principal grupo gay do país, a Federação Sueca dos Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros, elogiou a decisão da Igreja Luterana.
“Nós congratulamos a Igreja da Suécia por sua decisão. Os membros homossexuais e bissexuais da Igreja finalmente poderão se sentir um pouco mais acolhidos pela sociedade”, afirmou o grupo num comunicado.
A Suécia foi um dos primeiros países a dar aos casais homossexuais direitos para “parcerias civis”, em meados dos anos 1990, e a permitir que casais homossexuais adotassem crianças, a partir de 2002.
Com a lei aprovada em maio, a Suécia se tornou o quinto país europeu a reconhecer o casamento entre pessoas do mesmo sexo, depois da Holanda, da Bélgica, da Espanha e da Noruega.
Fonte: Athos GLS
08/12/2009

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

1º DEZEMBRO - DIA MUNDIAL DE COMBATE A AIDS

1º de dezembro é celebrado o Dia Mundial de Luta Contra a Aids. O momento é mais que oportuno para refletir sobre a atual situação da epidemia no Brasil. Apesar de o País há anos ser considerado modelo no sistema de tratamento contra o HIV desde que quebrou patentes de medicamentos e passou a fabricá-los em território nacional, não dá para fazer ouvidos de mercador ao Relatório sobre a Epidemia Global de AIDS 2009, divulgado recentemente pela UNAIDS em parceria com a OMS. De acordo com o documento, 33,4 milhões de pessoas convivem com o vírus mundo afora. Desses, 2,7 milhões foram infectados em 2008. O dado significa que, de oito anos para cá, o número de novas infecções caiu em 17%. O número é animador, mas é preciso frisar que 2 milhões de pessoas morreram em decorrência da Aids no ano passado. O número mais que justifica campanhas de conscientização sobre a importância da prevenção e de se conhecer o próprio estado sorológico. Se tomarmos como exemplo casos como o do estado de São Paulo, essa realidade é ainda mais facilmente percebida. Apesar da transmissão do HIV ter diminuído 64%, a taxa de mortalidade subiu. A região epidemiológica onde isso foi mais percebido foi a de Barretos, com 15,1 óbitos por 100 mil habitantes (em 2007 o número era de 13,4). Ainda assim a região Sudeste é a única onde a taxa de mortalidade tem caído. Nas demais, os óbitos em decorrência do HIV apresentam ligeira tendência de crescimento. Preocupantes Jovens gays e garotas representam os segmentos que mais vem necessitando de ações específicas. No caso de homossexuais em geral, a tendência é de estabilização de novas infecções. No entanto, entre gays com idade entre 13 e 24 anos, o crescimento é assustador. Em 1997, a taxa de contaminação nesta faixa etária era de 29%. Dez anos depois, passou para 43,2%.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

PASTORES GAYS SE CASAM EM MEGA CERIMÔNIA NO RJ

No dia 20 de novembro de 2009 os fundadores da Igreja Cristã Contemporânea, pastores , foram os protagonistas do primeiro enlace matrimonial entre pastores evangélicos do mesmo sexo da América Latina.A cerimônia ocorreu em uma prestigiosa casa de eventos no Alto da Boa Vista, tradicional bairro do Rio de Janeiro, ao cair da tarde do mesmo dia. O protocolo cerimonial seguiu padrões clássicos, desde todo o repertório musical escolhido pelos noivos até a volumosa presença de casais homoafetivos, somando um total de 60 padrinhos e madrinhas.A liturgia da cerimônia seguiu o critério de dois textos peculiares do Antigo e Novo Testamento, quais sejam, o livro de Rute e o Evangelho segundo João. A preleção não ultrapassou 15 minutos, dando ao evento um tom simples e ao mesmo tempo refinado.Entretanto, além da Palavra de Deus, a cerimônia de casamento envolveu uma série de outros detalhes. Após a entrada dos trinta casais que apadrinharam os noivos, seguiu-se um singelo cortejo de 11 crianças, na qualidade de daminhas e pajens, obedecendo a um protocolo tradicional ainda na maioria dos casamentos. Um detalhe porém chamava a atenção: as referidas crianças eram sem exceção filhas de casais homoparentais, o que deu a abertura do evento um toque de inocência e ao mesmo tempo idealismo.Após este episódio houve o toque de um instrumento musical dos tempos bíblicos ainda hoje utilizado em solenidades religiosas tanto judaicas como cristãs. O Shofar, nome pelo qual é conhecido este instrumento está diretamente ligado a quebra de barreiras, paradigmas e a idéia de vitória, tal como ocorreu na queda das muralhas da cidade de Jericó, na antiguidade bíblica. A função do toque do Shofar nesta cerimônia foi a queda das muralhas do preconceito e da exclusão que ainda marcam o mundo de hoje.O ápice da cerimônia antecedeu a breve preleção religiosa: a entrada dos noivos trajados em fraque de corte inglês em tom gris claro, ao som da marcha nupcial que comoveu imediatamente toda a audiência.

LIÇÕES DE STONEWALL A SÃO PAULO

21/06/2009 - 15:32h
Antonio Quinet – O Globo
Aos 40 anos do movimento gay, repressão resiste e homoterrorismo avança. Por que e até quando?
1969, Stonewall, Nova York. 2009, atentado com bomba na Parada Gay em São Paulo. Após sucessivas batidas policiais com humilhação eprisão no Bar Stonewall, reduto gay do Greenwich Village em NY, os homossexuais reagiram e se rebelaram contra a polícia; a rebelião ganhou o apoio dos passantes e os policiais recuaram.
É o marco histórico do início do movimento de emancipação e liberação dos homossexuais e do combate à homofobia. No ano seguinte, deu-se a primeira Parada Gay. Em São Paulo, além da bomba atirada numa sacola do alto de um prédio, outras agressões deixaram rapazes feridos. Um deles morreu.
Aos 40 anos de Stonewall, ataques como o de São Paulo estão além da homofobia. São atos de homoterrorismo. Apesar das transformações nos costumes e leis e da maior liberdade de expressão da opção sexual, prevalece, mundo afora, a repressão através de atos de guerra. No Brasil, o número de assassinatos de homossexuais aumentou 55% em 2008 em relação ao ano anterior, revela a pesquisa anual sobre crimes com motivação homofóbica, do Grupo Gay da Bahia (GGB).
Como se explica o homoterrorismo? Como a homofobia, termo que designa medo, se transforma em ódio? Por um lado, podemos pensar a partir da lógica da exclusão do diferente e situar o homossexual ao lado do negro e do judeu, vítimas de discriminação e intolerância (o triângulo gay era cor-de-rosa nos campos de concentração) e também, como se tem visto, aqueles que frequentam religiões “fora da norma”, como a Umbanda, alvos de agressões em seus templos. As mulheres, acrescentese, continuam a ser discriminadas. Essa norma mítica, que se confunde com o “normal”, é a do “branco, masculino, jovem, heterossexual, cristão, financeiramente seguro e magro” (cf. Dollimore). O homossexual provoca o imaginário de um gozo outro, tão diferente, e ao mesmo tempo tão semelhante. Para a consciência da norma, é melhor qualificá-lo de pervertido, não-confiável, pois um gozo periférico, daí ser perigoso. Como disse Arnaldo Jabor, os gays “ (…) sempre foram uma fonte de angústia, pois atrapalham nosso sossego, nossa identidade ‘clara’. O gay é duplo, é dois, o viado tem algo de centauro, de ameaçador para a unicidade do desejo… o gay sério inquieta… o gay de terno, o gay forte, o gay caubói são muito próximos de nós (…).”
Ao responder a uma mãe extremamente preocupada com a homossexualidade de seu filho, Sigmund Freud (que assinara uma petição pela descriminalização da homossexualidade) aponta, em 1935, que não é nenhuma desvantagem, nem vantagem, “não é motivo de vergonha, não é uma degradação, não é um vício e não pode ser considerada uma doença”. Apesar disso, só em 1973 a American Psychiatric Association (APA) deixou de classificar a homossexualidade como doença. E depois que ativistas gays, por duas vezes (1970 e 1971), invadiram seu encontro anual.
A psicanálise, na mesma direção, se opõe à pedagogia do desejo, pois esta é uma falácia. Não se pode educar a pulsão sexual, desviá-la para acomodá-la aos ideais da sociedade. A pulsão segue os caminhos traçados pelo inconsciente, individual e singular. A pulsão não é louca: obedece à lógica de uma lei simbólica a que todos estamos submetidos.
Para a psicanálise, o interesse exclusivo de um homem por uma mulher também merece esclarecimento. A investigação psicanalítica, diz Freud em seu texto premiado sobre Leonardo da Vinci, opõe-se à tentativa de separar os homossexuais dos outros seres como um “grupo de índole singular”, pois “todos os seres humanos são capazes de fazer uma escolha de objeto homossexual e que de fato a consumaram no inconsciente”. Ou seja, a bissexualidade é constitutiva de todos, seja a escolha homossexual praticada ou não.
O complexo de Édipo, que cai no esquecimento, comporta também a ligação libidinal do filho para com o pai e da menina para com a mãe, além das ligações do filho com a mãe e da filha com o pai. Assim, o número de homossexuais que se proclamam como tais, diz Freud, “não é nadaem comparação com os homossexuais latentes”.
Há uma diversidade enorme na homossexualidade tanto na praticada quanto na latente e sublimada. Devemos falar, portanto, de homossexualidades”. As sexualidades são tantas quanto existem os sujeitos, determinadas pelas fantasias de cada um. A questão que se coloca nesse episódio de terror é como cada um lida com sua homossexualidade (patente ou latente) que se materializa nas amizades, nas relações entre parentes do mesmo sexo e em todo ajuntamento social.
Segundo Freud, a libido homossexual é o cimento dos grupos e da massa, assim como a raiz dos ideais subjetivos de cada um se encontra em seu narcisismo (do amor por si mesmo e até a auto-estima). O “amar aos outros como a si mesmo” tem claramente fundamento homo (igual) erótico. A aceitação da homossexualidade do outro se encontra na dependência de como o sujeito lida com a sua própria. Quanto mais ele a rejeita em si mesmo, menos saberá lidar com ela, podendo fazer desse outro um objeto de ódio, de agressões e até de assassinato.
Dentro de uma cultura machista e falocêntrica (existe no ocidente alguma que não o seja?) parece mais fácil para a mulher lidar com sua homossexualidade do que o homem. Não é à toa que o lipstick lesbian virou moda entre as meninas. O que está longe de ser o caso para os meninos que cedo, muitas vezes na escola, aprendem a prática do homoterrorismo. A aceitação do outro como sexuado, diferente e independente, podendo fazer suas próprias escolhas de gozo sem ter que se desculpar, é um índice de civilização. O contrário é a barbárie.
ANTONIO QUINET é psicanalista e doutor em filosofia.


DISCORDAR DE NOSSO PRÓPRIO DESEJO

20/08/2009 - 16:27h CONTARDO CALLIGARIS – FOLHA SP

Um terapeuta deve deixar suas opiniões e crenças no vestiário do consultório, a cada dia
EM 31 de julho, o Conselho Federal de Psicologia repreendeu a psicóloga Rozângela Alves Justino por ela oferecer uma terapia para mudar a orientação sexual de pacientes homossexuais.Não quero discutir a “possibilidade” desse tipo de “cura” (afinal, reprimir o desejo dos outros e o nosso próprio é uma atividade humana tradicional), mas me interessa dizer por que concordo com a decisão do Conselho.A revista “Veja” de 12 de agosto publicou uma entrevista com Alves Justino, na qual ela explica sua posição. No fim, a psicóloga manifesta seu temor do complô de um “poder nazista de controle mundial”, que estaria querendo “criar uma nova raça e eliminar pessoas”, graças a políticas abortistas, propagação de doenças sexualmente transmissíveis etc.Para ser psicoterapeuta, não é obrigatório (talvez nem seja aconselhável) gozar de perfeita sanidade mental. É possível, por exemplo, que um esquizofrênico, mesmo muito dissociado, seja um excelente psicoterapeuta (há casos ilustres). Mas uma coisa é certa: para ser terapeuta, ser inspirado por um conjunto organizado de ideias persecutórias é uma franca contraindicação.Na verdade, pouco importa que as ideias em questão sejam ou não persecutórias e delirantes: de um terapeuta, espera-se que ele deixe suas opiniões e crenças (morais, religiosas, políticas) no vestiário de seu consultório, a cada manhã. Quando, por qualquer razão, isso resultar difícil ao terapeuta, e ele sentir a vontade irresistível de converter o paciente a suas ideias, o terapeuta deve desistir e encaminhar o caso para um colega. Por quê?Alves Justino, com sua aversão por homossexualidade, sadomasoquismo e outras fantasias sexuais, ilustra a regra que acabo de expor. Explico.A psicóloga defende sua prática afirmando que a psiquiatria e a psicologia admitem a existência de uma patologia, dita “homossexualidade ego-distônica”, que significa o seguinte: o paciente não concorda com sua própria homossexualidade, e essa discordância é, para ele, uma fonte de sofrimento que poderíamos aliviar -por exemplo, conclui Alves Justino, reprimindo a homossexualidade.De fato, atualmente, psiquiatria e psicologia reconhecem a existência, como patologia, da “orientação sexual ego-distônica”; nesse quadro, alguém sofre por discordar de sua orientação sexual no sentido mais amplo: fantasias, escolha do sexo do parceiro, hábitos masturbatórios etc. Existe, em suma, um sofrimento que consiste em discordar das formas de nosso próprio desejo sexual, seja ele qual for (alguém pode sofrer até por discordar de sua “normalidade”). Pois bem, nesses casos, o que é esperado de um terapeuta?Imaginemos um nutricionista que receba uma paciente que se queixa de seu excesso de peso, enquanto ela apresenta uma magreza inquietante: ela tem asco da forma de seu próprio corpo, que ela percebe como enorme e que ela não aceita como seu. O nutricionista não tentará nem emagrecer nem engordar sua paciente, pois o problema dela não é o peso corporal, mas o fato de que ela discorda de si mesma a ponto de não conseguir enxergar seu corpo como ele é.No caso da orientação sexual ego-distônica, vale o mesmo princípio: o problema do paciente não é seu desejo sexual específico, mas o fato de que ele não consegue concordar com seu próprio desejo, seja ele qual for. As razões possíveis dessa discordância são múltiplas. Por exemplo, posso discordar de meu desejo sexual porque ele torna minha vida impossível numa sociedade que o reprime (moral ou judicialmente) e cujas regras interiorizei. Ou posso discordar de meu desejo porque ele não corresponde a expectativas de meus pais que se tornaram minhas próprias. E por aí vai.Nesses casos, o terapeuta que tentar resolver o problema confiando em sua visão do mundo e propondo-se “endireitar” o desejo de quem o consulta, de fato, só agudizará o conflito (consciente ou inconsciente) do qual o paciente sofre. Ora, é esse conflito que o terapeuta deve entender e, se não resolver, amenizar, ou seja, negociar em novos termos, menos custosos para o paciente. Em outras palavras, diante da ego-distonia, o terapeuta não pode tomar partido nem pelo desejo sexual do paciente, nem pelas instâncias que discordam dele.Ou melhor, ele pode, sim, só que, se agir assim, ele deixa de ser terapeuta e vira militante, padre ou pastor.
ccalligari@uol.com.br
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DITADURA GAY?

“Você é a favor da aprovação do projeto de lei 122/2006, que pune a discriminação contra homossexuais?” Desde que a enquete apareceu no site do senado, faz umas semanas, evangélicos de todo o País iniciaram uma cruzada via internet, pelo direito de ofender pessoas que namoram pessoas do mesmo sexo.
Uma senhora chamada Rosemeire, por exemplo, expondo num blog seu temor de que a lei seja aprovada, disse que vivíamos “O início da Ditadura Gay no mundo!”. Pelo que entendi, Rosemeire acredita que está em curso uma batalha global, travada entre heteros e homossexuais, pela hegemonia na Terra. Hoje, os heteros estão vencendo, mas é só porque têm amparo legal para chamar os gays de veadinhos, as lésbicas de sapatonas e rir das piadas do Juca Chaves. No momento em que passarem a punir quem ofender pessoas que namoram pessoas do mesmo sexo, elas perceberão que chegou a hora, sairão todas correndo da The Week e tomarão o poder.
Imagine só, Rosemeire? Criancinhas terão de cantar Village People na escola, enquanto assistem ao hasteamento da bandeira do arco-íris. Aos domingos, em vez de futebol, as TVs transmitirão Holiday on Ice e, com 18 anos, os jovens serão obrigados a alistar-se no exército, fazer flexões de braço, dormir e tomar banho, uns na frente dos outros. Que horror!
Se você acha que Rosemeire exagerou, é porque não leu o blog de Rozângela Justino, cristã, psicóloga e indignada: “Se esse projeto (…) for aprovado, estaremos institucionalizando em nosso país o sistema de castas e todos aqueles que não forem homossexuais serão considerados cidadãos de segunda classe.”
Uau, Rozângela! O mundo, então, seria governado pela casta das Drag Queens? Um advogado gay, de terno e cabelo curto, seria de uma casta intermediária? E lutadores do Ultimate Fighting viveriam de esmolas? Bem, talvez não…
Quanta imaginação têm as duas mulheres. Se seus piores pesadelos fossem filmados, seria preciso unir o talento de um Fellini com o de um Clóvis Bornay; juntar, no mesmo caldeirão, George Orwell e Andy Warhol; vislumbrar as ruas de Nova Délhi sendo percorridas pela banda de Ipanema.
Se bem que… Sei lá. Pensando melhor, talvez o temor de Rosemeire e da dra. Justino tenha algum fundamento. Veja o caso dos negros: há poucas décadas, todo mundo contava piada racista e eles eram cidadãos de segunda classe. Veio esse papo de igualdade, o que aconteceu? Um mulato chegou a presidente dos Estados Unidos!
A batalha racial já está perdida, mas a sexual ainda pode ser ganha! Basta ir ao www.senado.gov.br/agencia/default.aspx?mob=0, clicar em NÃO e mostrar a todos que ainda tem gente disposta a lutar por um mundo injusto, desigual e preconceituoso!
Tags: Congresso, direitos civis, gay, homofobia, homossexualidade

Antonio Prata – O Estado SP/16/11/2009

terça-feira, 10 de novembro de 2009

SE FIQUEI ESPERANDO MEU AMOR PASSAR




Se Fiquei Esperando Meu Amor Passar
Legião Urbana
Composição: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá



Se fiquei esperando meu amor passar
Já me basta que então, eu não sabia
Amar e me via perdido e vivendo em erro
Sem querer me machucar de novo
Por culpa do amor
Mas você e eu podemos namorar.
E era simples: ficamos fortes.
Quando se aprende a amar
O mundo passa a ser seu
Quando se aprende a amar
O mundo passa a ser seu
Sei rimar romã com travesseiro
Quero a minha nação soberana
Com espaço, nobreza e descanso.
Se fiquei esperando meu amor passar
Já me basta que estava então longe de sereno
E fiquei tanto tempo duvidando de mim
Por fazer amor fazer sentido.
Começo a ficar livreEspero.
Acho que sim.
De olhos fechados não me vejo e,
Você sorriu pra mim
"Cordeiro de Deus que tirai os pecados do mundo,
Tende piedade de nós.
Cordeiro de Deus que tirai os pecados do mundo,
Tende piedade de nós.
Cordeiro de Deus que tirai os pecados do mundo,
Dai-nos a paz."
PRA TODOS E TODAS
O NOSSO DESEJO SEMPRE
PELO SORRISO QUE ENCANTA
PELA LUZ DA ALMA QUE BRILHA
QUE NAVEGA HORIZONTES
QUE SUPERA LIMITES
QUE DESCOBRE NOVOS AMORES
E QUE A MORAL DA HISTÓRIA
ESTÁ SEMPRE NA GLÓRIA
DE FAZERMOS O QUE NOS SATISFAZ
Abraços,
Ronilson Brito

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

ENTENDA LEI: PLC 122/2006

Nos últimos 30 anos, o Movimento LGBT Brasileiro vem concentrando esforços para promover a cidadania, combater a discriminação e estimular a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
A partir de pesquisas que revelaram dados alarmantes da homofobia no Brasil, a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), juntamente com mais de 200 organizações afiliadas, espalhadas por todo o país, desenvolveram o Projeto de Lei 5003/2001, que mais tarde veio se tornar o Projeto de Lei da Câmara (PLC) 122/2006, que propõe a criminalização da homofobia.
O projeto torna crime a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero - equiparando esta situação à discriminação de raça, cor, etnia, religião, procedência nacional, sexo e gênero, ficando o autor do crime sujeito a pena, reclusão e multa.
Aprovado no Congresso Nacional, o PLC alterará a Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, caracterizando crime a discriminação ou preconceito de gênero, sexo, orientação sexual e identidade de gênero. Isto quer dizer que todo cidadão ou cidadã que sofrer discriminação por causa de sua orientação sexual e identidade de gênero poderá prestar queixa formal na delegacia. Esta queixa levará à abertura de processo judicial. Caso seja provada a veracidade da acusação, o réu estará sujeito às penas definidas em lei.
O texto do Projeto de Lei PLC 122/2006 aborda as mais variadas manifestações que podem constituir homofobia; para cada modo de discriminação há uma pena específica, que atinge no máximo 5 anos de reclusão. Para os casos de discriminação no interior de estabelecimentos comerciais, os proprietários estão sujeitos à reclusão e suspensão do funcionamento do local em um período de até três meses. Também será considerado crime proibir a livre expressão e manifestação de afetividade de cidadãos homossexuais, bissexuais, travestis e transexuais.
Apesar dos intensos esforços e conquistas do Movimento LGBT Brasileiro em relação ao PLC 122, ainda assim, ele precisa ser votado no Senado Federal. O projeto enfrenta oposição de setores conservadores no Senado e de segmentos de fundamentalistas religiosos. Por este motivo, junte-se a nós e participe da campanha virtual para divulgar e pressionar os senadores pela aprovação do projeto.
Para ler o projeto de lei na íntegra, clique aqui.
Por quê a lei?
Ainda não há proteção específica na legislação federal contra a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero;
Por não haver essa proteção, estimados 10% da população brasileira (18 milhões de pessoas) continuam a sofrer discriminação (assassinatos, violência física, agressão verbal, discriminação na seleção para emprego e no próprio local de trabalho, escola, entre outras), e os agressores continuam impunes;
Por estarmos todos nós, seres humanos, inseridos numa dinâmica social em que existem laços afetivos, de parentesco, profissionais e outros, essa discriminação extrapola suas vítimas diretas, agredindo também seus familiares, entes queridos, colegas de trabalho e, no limite, a sociedade como um todo;
O projeto está em consonância com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, da qual o Brasil é signatário: “Artigo 7°: Todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm direito a igual proteção da lei. Todos têm direito a proteção igual contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação”;
O projeto permite a concretização dos preceitos da Constituição Federal: “Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação [...] / Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”;
O projeto não limita ou atenta contra a liberdade de expressão, de opinião, de credo ou de pensamento. Ao contrário, contribui para garanti-las a todos, evitando que parte significativa da população, hoje discriminada, seja agredida ou preterida exatamente por fazer uso de tais liberdades em consonância com sua orientação sexual e identidade de gênero;
Por motivos idênticos ou semelhantes aos aqui esclarecidos, muitos países no mundo, inclusive a União Européia, já reconheceram a necessidade de adotar legislação dessa natureza;
A aprovação do Projeto de Lei contribuirá para colocar o Brasil na vanguarda da América Latina, assim como o Caribe, como um país que preza pela plenitude dos direitos de todos seus cidadãos, rumo a uma sociedade que respeite a diversidade e promova a paz.
Fonte: Projeto Aliadas – ABGLT
Verdades e Mentiras sobre o PLC 122/06
Desde que começou a ser debatido no Senado, o projeto de lei da Câmara 122/2006, que define os crimes resultantes de preconceito de raça, cor, etnia, religião, procedência nacional, gênero, sexo, orientação sexual e identidade de gênero tem sido alvo de pesadas críticas de alguns setores religiosos fundamentalistas (notadamente católicos e evangélicos).Essas críticas, em sua maioria, não têm base laica ou objetiva. São fruto de uma tentativa equivocada de transpor para a esfera secular e para o espaço público argumentos religiosos, principalmente bíblicos. Não discutem o mérito do projeto, sua adequação ou não do ponto de vista dos direitos humanos ou do ordenamento legal. Apenas repisam preconceitos com base em errôneas interpretações religiosas.Contudo, algumas críticas tentam desqualificar o projeto alegando inconsistências técnicas, jurídicas e até sua inconstitucionalidade. São críticas inconsistentes, mas, pelo menos, fundamentadas pelo aspecto jurídico. Por respeito a esses argumentos laicos, refutamos, abaixo, as principais objeções colocadas:1. É verdade que o PLC 122/2006 restringe a liberdade de expressão?Não, é mentira. O projeto de lei apenas pune condutas e discursos preconceituosos. É o que já acontece hoje no caso do racismo, por exemplo. Se substituirmos a expressão cidadão homossexual por negro ou judeu no projeto, veremos que não há nada de diferente do que já é hoje praticado.É preciso considerar também que a liberdade de expressão não é absoluta ou ilimitada - ou seja, ela não pode servir de escudo para abrigar crimes, difamação, propaganda odiosa, ataques à honra ou outras condutas ilícitas. Esse entendimento é da melhor tradição constitucionalista e também do Supremo Tribunal Federal.2. É verdade que o PLC 122/2006 ataca a liberdade religiosa?Não, é mentira. O projeto de lei não interfere na liberdade de culto ou de pregação religiosa. O que o projeto visa coibir são manifestações notadamente discriminatórias, ofensivas ou de desprezo. Particularmente as que incitem a violência contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais.Ser homossexual não é crime. E não é distúrbio nem doença, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde). Portanto, religiões podem manifestar livremente juízos de valor teológicos (como considerar a homossexualidade "pecado"). Mas não podem propagar inverdades científicas, fortalecendo estigmas contra segmentos da população.Nenhuma pessoa ou instituição está acima da Constituição e do ordenamento legal do Brasil, que veda qualquer tipo de discriminação.Concessões públicas (como rádios ou TV's), manifestações públicas ou outros meios não podem ser usados para incitar ódio ou divulgar manifestações discriminatórias – seja contra mulheres, negros, índios, pessoas com deficiência ou homossexuais. A liberdade de culto não pode servir de escudo para ataques a honra ou a dignidade de qualquer pessoa ou grupo social.3. É verdade que os termos orientação sexual e identidade de gênero são imprecisos e não definidos no PLC 122, e, portanto, o projeto é tecnicamente inconsistente?Não, é mentira. Orientação sexual e identidade de gênero são termos consolidados cientificamente, em várias áreas do saber humano, principalmente psicologia, sociologia, estudos culturais, entre outras. Ademais, a legislação penal está repleta de exemplos de definições que não são detalhadas no corpo da lei.Cabe ao juiz, a cada caso concreto, interpretar se houve ou não preconceito em virtude dos termos descritos na lei.
Fonte: Projeto Aliadas/ABGLT

EM FOCO: HOMOFOBIA NOS LIVROS DIDÁTICOS, UM DESAFIO AO SILÊNCIO



Pesquisa diz que livros didáticos distribuídos pelo Ministério da Educação ignoram homossexualidade

Pesquisa realizada pela ONG Anis em parceria com a Universidade de Brasília (UnB) verificou que os livros didáticos distribuídos pelo Ministério da Educação (MEC) às escolas públicas ignoram a homossexualidade. A pesquisa foi financiada pelo Programa Nacional DST/Aids do Ministério da Saúde e feita nos últimos dois anos em 61 das 98 publicações de maior distribuição nos ensinos fundamental e médio. A avaliação do conteúdo contou com a participação de juristas, sociólogos e pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS). O trabalho foi norteado por sete vertentes: sexo, gênero, família, diversidade social, diversidade sexual, reprodução biológica e doenças sexualmente transmissíveis. O resultado da pesquisa é decepcionante: os livros simplesmente ignoram a diversidade sexual. Outro dado triste da pesquisa é em relação aos dicionários. Foram analisados 24 publicações e alguns deles traziam claros preceitos discriminatórios em seus verbetes. Um deles, ao dar sinônimos para o verbete "gay" usa as expressões "veado, homossexual, pederasta".
Em Foco: homofobia nos livros didáticos, um desafi o ao silêncio
No que diz respeito à diversidade sexual, a realidade brasileira é aindaassustadora. Temos um dos maiores índices de assassinatos de lésbicas,gays, bissexuais, travestis e transexuais do mundo, somado às diferentesformas de agressão cotidianas por parte de nossas instituições sociais. Essasformas específi cas de violência são designadas como homofobia, ou seja, umaatitude de hostilidade à diversidade sexual, que carrega a exclusão de um outroconsiderado inferior ou anormal.1No campo educacional, as políticas e as relações escolares poucoescapam desse contexto: também abrigam a homofobia e reforçam práticasheterossexistas de forma sutil ou mais explícita. Contudo, a discriminaçãoconvive com sua denúncia e com a forte politização do tema pelos movimentossociais. No caso das políticas públicas de educação, essas preocupaçõesestão claramente expressas na criação dos Parâmetros CurricularesNacionais, que introduzem a orientação sexual como tema transversal, doPlano Nacional de Educação em Direitos Humanos e do programa federalBrasil sem Homofobia: programa de combate à violência e à discriminaçãocontra GLBT e promoção da cidadania homossexual. Recentemente, aConferência Nacional de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuaisreafirmou o compromisso do governo do Brasil com essa população. Emrelação à educação, todos os documentos acima referidos enfatizam aimportância da formação docente na área da sexualidade e das relaçõesde gênero, o estímulo à produção de materiais educativos sobre o tema,bem como a constituição de equipes multidisciplinares para a avaliação doslivros didáticos, de modo a eliminar conteúdos discriminatórios sexistas,heterossexistas e homofóbicos nos materiais pedagógicos.Apesar dos signifi cativos avanços, após uma década desde a proposição daorientação sexual como conteúdo escolar nos Parâmetros Curriculares Nacionais,a abertura conceitual à promoção da diversidade sexual parece não ter sidoefetivada para além da desigualdade de gênero no que compete aos direitos sexuais.Ainda é preterida a consideração das orientações sexuais não-heterossexuais e dadiversidade de gênero avessas à linearidade da determinação do sexo biológicosobre as apresentações sociais do feminino ou do masculino.É nesse contexto que os artigos publicados nesta sessão ganham relevância. Com base em pesquisa nacional – intitulada Qual diversidade sexual dos livros didáticos brasileiros?2–, as refl exões aqui agrupadas examinam sob diferentes ângulos a qualidade discursiva sobrediversidade sexual enunciada em 67 dos 100 livros didáticos mais distribuídos pelo ProgramaNacional do Livro Didático e pelo Programa Nacional do Livro Didático para o Ensino Médioentre as escolas públicas do país. Para além da busca de afi rmações expressamente homofóbicas,a análise do conteúdo dos livros didáticos primou pela demarcação e crítica de estratégiasdiscursivas que endossassem a naturalização da heterossexualidade e dos estereótipos de gênero,superando a estrita referência às homossexualidades. Tal análise abrangeu o exame das políticaspúblicas de educação, dos dicionários e dos livros didáticos utilizados nas escolas públicas, dasconcepções de família e de conjugalidade neles contidas e da reiterada ausência de conteúdos eimagens diretamente relacionados às idéias de diversidade sexual.Assim, Debora Diniz e Tatiana Lionço, no artigo Homofobia, silêncio e naturalização – por umanarrativa da diversidade sexual, analisam os livros didáticos como ferramentas pedagógicas paraa promoção dos princípios estabelecidos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais e comparam asmodalidades discursivas neles contidas aos dicionários utilizados nas escolas públicas. As autorasconcluem que, enquanto nos livros didáticos não há injúrias homofóbicas, embora a diversidadesexual apareça naturalizada e obscurecida pelo reforço da heterossexualidade e do binarismo degênero, os dicionários são mais diretos ao veicularem afi rmações expressamente homofóbicas.Diversidade sexual, educação e sociedade: refl exões a partir do Programa Nacional doLivro Didático, dos autores Roger Raupp Rios e Wederson Rufi no dos Santos, examina comoa diversidade sexual tem sido abordada pelas políticas públicas brasileiras, com ênfase noPrograma Nacional do Livro Didático e no Programa Nacional do Livro Didático para o EnsinoMédio, e ressaltam suas potencialidades e limites quando se trata da superação da homofobia.Cláudia Vianna e Lula Ramires, no artigo A eloqüência do silêncio – gênero e diversidadesexual nos conceitos de família veiculada nos livros didáticos analisam como a noção defamília, amplamente apresentada em grande parte dos livros didáticos, incorpora dimensõescontraditórias das relações de gênero na parentalidade e conjugalidade. Apesar dos avançosquanto aos padrões de família veiculados, a presença da diversidade sexual e de famíliashomoparentais em imagens ou textos ainda se constitui em um campo de silenciamento esustenta a possibilidade da homofobia na medida em que exclui outras alternativas.Finalmente, Malu Fontes, no artigo Ilustrações do silêncio e da negação: a ausência deimagens da diversidade sexual em livros didáticos, analisa os sentidos e as implicações da totalausência de imagens relacionadas à diversidade sexual nos livros, o que também colabora para amanutenção de comportamentos sociais homofóbicos.Acreditamos, portanto, que o conjunto das refl exões aqui apresentadas contribui para umaapreciação mais exata dos avanços e desafi os impostos às políticas públicas de educação voltadaspara a superação das desigualdades de gênero e para a afi rmação da diversidade sexual, emespecial àquelas voltadas para a avaliação, produção e distribuição dos livros didáticos.
1 Adotamos aqui a defi nição de BORRILLO, D. L´homophobie. Paris: Presses Universitaires de France, 2000.
2 O Projeto “Qual a diversidade sexual dos livros didáticos brasileiros?”, TC N. 247/07, foi fi nanciado pelo acordo decooperação PN-DST-AIDS/SVS/Ministério da Saúde/BIRD/UNODC – Projeto AD/BRA/03/H34 Acordo de empréstimoBIRD 4713-BR e executado pela Anis: Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero, com parceria da Universidadede Brasília, Universidade do Estado de São Paulo, Universidade Federal da Bahia e Universidade Federal do Rio Grandedo Sul. A equipe agradece à Editora do Brasil, Editora Dimensão e ao IBEP; às bibliotecas do Centro Educacional AsaNorte, do Centro de Ensino Médio Paulo Freire e Centro Educacional GISNO pelo apoio na fase de coleta de dados.
Cláudia Vianna e Debora Diniz
Organizadoras
Fonte: Revista Psicologia Política, v. 8, nº16(2008)

terça-feira, 27 de outubro de 2009

PRECONCEITO HOMOSSEXUAL

Preconceito homossexual

Por Içami Tiba

A grande maioria (80% a 98%) das pessoas de todas as sociedades em todo o planeta é heterossexual. Entre uma pessoa exclusivamente heterossexual e outra exclusivamente homossexual há o bissexual em diversas graduações nas suas composições. Existe uma graduação partindo de um extremo (hetero ou homossexual) para o outro, numa relação direta entre a diminuição de um e o aumento do outro.Durante muito tempo o mundo esteve dividido em atividades masculinas e femininas, com fundamentos na biologia básica. Entretanto, excluindo maternidade, parto e amamentação - que são trabalhos exclusivamente femininos, a maioria das atividades podem ser desempenhadas tanto por homens quanto por mulheres. Sem entrar no confronto do melhor ou do maior, é importante que as diferenças de gênero sejam complementares e enriquecedoras ao ser humano.Os hormônios masculinos e femininos podem contribuir com estas características, mas o fator cultural tem maior força. Como todos os outros, o preconceito homofóbico é cultural, pois não se nasce com ele. Não se escolhe ser homossexual, nem heterossexual.Uma criança faz o que tem vontade, brinca com o que lhe agrada e com o que lhe faz sentir prazer. É o padrão cultural do seu entorno que qualifica se suas ações são masculinas ou femininas. O mundo foi dominado por muito tempo pelos masculinos, que acreditavam no machismo (crença de que homens são superiores às mulheres e aos diferentes). Estes preconceitos foram assimilados por seus filhos, que os praticaram com seus circundantes. As mulheres são diferentes e complementares, mas não inferiores aos homens. Os machos sempre combateram o diferente, principalmente o homossexual. Até hoje, no Brasil, a cada dois dias um homossexual é assassinado por intolerância. Tais crimes são cometidos geralmente por machos homofóbicos. Seus filhos vão ser intolerantes com os colegas diferentes, que nem precisam ser homossexuais, por meio de bulliyng, ironias, rejeições, segregações, agressões etc. Basta que tenha modos, gosto, cor, religião, altura ou tipo corporal diferente para serem alvos de preconceitos.O preconceito homofóbico piora com a puberdade, quando os rapazes têm "mais testosterona que cérebro". A atração física independe do racional e da educação, como são os gostos por salgados e doces. Não é necessário que se ame os homossexuais, mas como também não é preciso odiá-los. Como seres humanos, os homossexuais têm tantos direitos quanto os heterossexuais. É com o surgimento dos hormônios sexuais que as pessoas podem ter egossintonia ou egodistonia sexual. A maioria dos seres humanos são egossintônicos sexuais, isto é, tem órgãos sexuais definidamente masculinos ou femininos e sentem atração sexual pelo sexo complementar. Os egodistônicos apresentam incompatibilidade entre a constituição física e o sentimento de atração. Na grande maioria dos homossexuais, tanto masculinos quanto femininos, é na puberdade que esta egodistonia fica bem mais evidente e muito sofrida. Faz parte da puberdade e da adolescência uma insegurança não só quanto ao desempenho sexual, mas também quanto à sua identidade sexual. Muitos púberes masculinos tomam atitudes machistas para sua própria autoafirmação. Uma destas atitudes é atacarem os diferentes e homossexuais. É como se pensassem: "Se eu ataco homossexuais é porque sou heterossexual". O grande engano é que não é preciso atacar nem os diferentes nem os homossexuais para ser heterossexual.Muitos destes egodistônicos lutam contra o que sentem, justificando-se pelo corpo que têm. Esconder, omitir, rezar, negar e outras tantas ações não o impedem de continuar sentindo. É como se eles estivessem na contramão da cultura vigente. Alguns se forçam e são forçados a mostrarem-se heterossexuais.Cabe a todos nós, professores, pais, educadores e cidadãos em geral preparar pessoas mais saudáveis, livres de preconceitos, não importa quais sejam.
Içami Tiba
Içami Tiba é psiquiatra e educador. Escreveu "Família de Alta Performance", "Quem Ama, Educa!" e mais 25 livros.
Site: www.tiba.com.br

SEMINÁRIO: HOMOFOBIA NA ESCOLA


21/10/2009 - 13h57

Professores ainda estão despreparados para lidar com diversidade sexual, alerta Marisa Serrano
Grande parte dos professores brasileiros ainda não possui formação adequada para lidar com a diversidade sexual dos alunos no cotidiano escolar. Com um agravante: as faculdades de pedagogia não tratam a questão da homossexualidade em profundidade, o que agrava ainda mais o problema.
A afirmação é da senadora Marisa Serrano (PSDB-MS) e foi feita nesta quarta-feira (21) na abertura do seminário Diversidade nas Escolas: Preconceito e Inclusão, promovido pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE).
O senador Romeu Tuma (PTB-SP) defendeu que o respeito humano e a luta contra a homofobia ganhem maior espaço nas escolas, enquanto o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) observou que acabar com o preconceito contra orientação sexual nos estabelecimentos escolares passa pela melhoria da educação em todo país.
O presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Toni Reis, concordou e disse que, de acordo com recente pesquisa, cerca de 60% dos professores não sabem lidar com esse segmento da sociedade na sala de aula.
A pesquisa revela ainda que 40% de meninos e meninas não gostariam de estudar com gays, lésbicas ou transexuais, e que 35% dos pais não se sentiriam à vontade se os seus filhos estudassem com membros da comunidade LGBT.
Toni Reis reconheceu, entretanto, que já houve avanços contra o preconceito sexual no país, a exemplo do programa do governo federal denominado "Brasil sem Homofobia". Mas defendeu a aprovação do projeto de lei (PLC 122/06) que pune quem praticar qualquer tipo de discriminação em razão da orientação sexual.

Preconceito

Para a coordenadora de Pesquisa da Rede de Formação Tecnológica Latino Americana, Miriam Abramovay, a principal discriminação dentro dos estabelecimentos escolares está ligada à homofobia. Fora das escolas, segundo acrescentou, a realidade não é diferente, porque nada menos do que 50% dos jovens, ouvidos em recente pesquisa, não gostariam de ter homossexuais como vizinhos.
Já o diretor da Pathfinder do Brasil, Carlos Laudari, exemplificou o preconceito contra os homossexuais ao recordar um fato que considerou chocante: um menino de oito anos de idade, considerado gay, foi jogado dentro de uma lata de lixo por seus colegas de escola.
A coordenadora geral de Direitos Humanos da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação, Rosiléia Maria Wille, destacou ações do governo destinadas a promover a inclusão social da comunidade LGBT, a exemplo do programa "Escolas sem Homofobia".
Já o coordenador do Programa da Organização das Nações Unidas (ONU) para HIV/AIDS, Pedro Chequer, informou que o organismo internacional preocupa-se com o problema e chegou a publicar um guia que, em um de seus capítulos, discute a sexualidade e o preconceito sexual já a partir dos cinco anos de idade, incluindo doenças sexuais, o que considera positivo.
No entender da diretora do Programa da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, Maria Elisabete Pereira, o Brasil não encara de frente o problema da temática da diversidade, a exemplo do que ocorre em outros países, mas reconheceu que houve alguns avanços. E pediu a realização de audiências públicas em todos os estados, com a presença dos secretários de Educação, para aprofundar o tema.

Cláudio Bernardo / Agência Senado(Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)



terça-feira, 20 de outubro de 2009

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

HOMENS TRANSEXUAIS






















por Lynn Conway
Tradução: Sônia John

Muitos miles de pessoas fizeram transições de gênero mulher a homem (FtM) e já vivem plenamente e com sucesso como homens, e outros muitos já estão no processo de tais transições. Estes números ultrapassam por muito o que geralmente se pensa. Fora de muita atenção pública, estes homens lutam contra muitos problemas físicos, médicos, familiares, sociais, legais, e de emprego enquanto transicionam y arrumam suas novas vidas. Depois de resolver as dificuldades típicas de uma transição de gênero, a maioria deles vivem de modo furtivo e deixam o passado para atrás. Geralmente “escondem à plena vista” para evitar preconceito social e para prosseguir com a nova vida. Os sucessos pessoais destes homens asseguram que se assimilam e se misturam bem dentro da sociedade, com resultado que é quase impossível que alguém perciba que tivéssem um passado transexual. Recentemente a invisibilidade do transexualismo FtM vem sendo diminuindo, em parte porque um número destes homens criaram sites na internet com o objetivo de contar suas histórias e ajudar aos demais. Os sites indicados abaixo, que contêm informação valiosa da experiência FtM, nos mostram a cara humana das vidas destes homens. Ali encontrará links às histórias y experiências de homens sucedidos que servem como modelos para jovens FtM e como uma fonte de informação de primeira mão sobre as transições deles para a masculinidade. As histórias destes homens podem fornecer esperança, ánimo e exemplos a outros, especialmente aos jovens adolescentes transexuais que enfrentam uma transição de gênero. Tais adolescentes (e os pais e seres queridos deles) necessitam aprender que já é possível uma transição de género FtM sucedida. Sem modelos visíveis como os de abaixo, pode ser difícil para eles visualizar as possibilidades atuais. Assim, se os pais puderem aprender a perceber o filho transexual como “un rapaz com um problema físico” em vez de “uma moça com um problema mental,” o futuro de tal filho será especialmente esperançoso. Com o apoio e amor dos pais, um jovem transexual pode realmente alcançar seus sonhos y chegar a experimentar uma vida plena como um homem.

Anthropologist, Author (more)-FOTO 3, Jason Cromwell, Ph.D.




































































































terça-feira, 29 de setembro de 2009

ISTO É, SOBRE ELAS!

ISTOÉ - No mundo das lésbicas
ISTOÉ Independente- Verônica Mambrini
28/09/2009 - Fonte: Athos GLS








A NOITE É DELAS Sem assédio masculino,
elas ficam à vontade em bares e baladas lésbicas
LIVROS PARA ELAS Laura Bacellar e Hanna K são casadas e sócias da editora Malagueta, de literatura lésbica
Nas baladas e eventos de mulheres homossexuais se constata que elas querem um espaço próprio, independente dos homens gays
A DJ Nina Lopes, 37 anos, toca todo sábado na primeira festa fixa voltada para lésbicas de São Paulo. "De um ano para cá, teve um boom de baladas para mulher. Temos eventos de sexta e sábado toda semana e outros esporádicos, uma vez por mês ou a cada 15 dias", conta. Alguns chegam a atrair 2,5 mil pessoas. Nas baladas para mulheres homossexuais, a paquera é sutil.

Em vez de abordagens agressivas, as meninas dançam coladas, lançam olhares, esperam uma resposta. Na Superdyke, festas homossexuais femininas, no UltraClub, onde Nina comanda o som, o público está na casa dos 20 anos. Se em lugares públicos namoradas nem sequer podem dar a mão despreocupadamente, lá, casais dão beijos apaixonados. Na pista, garotas dançam bem perto, encaixando os corpos, numa liberdade difícil de imaginar numa festa heterossexual. As atrações da pista são o ponto alto da noite, com shows de gogo dancers e strippers - moças se aglomeram ao redor do palco e gritam, assoviam. No lounge, casais namoram, conversam e dão risada, como se estivessem em bancos de parque, mas sob a proteção das quatro paredes da casa. As lésbicas querem um espaço só delas.
"Quando se fala em movimento gay, as pessoas nem pensam em mulheres. Então é um jeito de dizer que existimos"Karina Dias, escritora
Em muitas coisas, as mulheres homossexuais querem ser iguais aos homens gays: nos direitos civis e na aceitação social conquistados, por exemplo. Em outras, querem que suas diferenças sejam respeitadas e valorizadas. O que se constata quando se mergulha no mundo das lésbicas é que elas não querem abrir mão de um espaço próprio. Ou seja, não querem ficar a reboque dos homossexuais masculinos. Para dar conta dessa necessidade, está surgindo um movimento silencioso, com eventos, produtos e serviços voltados para esse público. As baladas que se multiplicam são um exemplo. Mas o fermento dessa iniciativa é a internet. A escritora Karina Dias, 30 anos, começou com um blog e acaba de lançar o romance lésbico "Aquele Dia Junto ao Mar". "Quando se fala em movimento gay, as pessoas nem pensam em mulheres. Então é um jeito de dizer que existimos", afirma Karina, que recebe dezenas de emails por dia de garotas que não sabem como lidar com a descoberta da sexualidade. "Eles vêm carregados de dúvidas e medos. Isso é um grande impulso para continuar escrevendo."
A internet mostrou que havia um público negligenciado até mesmo pela mídia gay. "Dentro de um mundo machista, as lésbicas são a minoria da minoria", diz Paco Llistó, editor do Dykerama (dyke é gíria para lésbica, em inglês), site voltado para lésbicas e bissexuais que existe há dois anos e chega a picos de um milhão de acessos por dia. "O machismo pauta até mesmo parte do movimento LGBT (Lésbicas, gays, bissexuais e transexuais). Não só na militância, mas de forma editorial e cultural", afirma Llistó. "Agora elas começam a ganhar espaço."
Mais recente, o site Parada Lésbica tem também uma rede social só para elas. A editora do site, Del Torres, 29 anos, apostou na diversificação de assuntos, sob a perspectiva homossexual feminina. "Lésbicas, acima de tudo, são mulheres e gostam de textos mais sensíveis", afirma Del. Outra ideia foi criar um ponto de encontro virtual para as meninas. Daí surgiu o Leskut, que tem hoje 19 mil perfis e recebecerca de 100 adesões por dia. "Chats de grandes portais estão cheios de heterossexuais e casais procurando alguém para transar. Como o Leskut é um ambiente mais controlado, elas se sentem confiantes."
A socióloga francesa Stéphanie Arc, autora de "As Lésbicas" (Ed. GLS), que acaba de ser lançado no Brasil, acredita que as homossexuais femininas estão certas em tentar afirmar sua identidade dentro do movimento gay. "Afinal, elas encontram dificuldades específicas na sociedade", reconhece. Mas essa participação é um fenômeno bastante recente. "Existia uma ideia forte de que as mulheres não militavam. E, da forma tradicional, não participavam mesmo", afirma a escritora Valéria Melki, 43 anos. Valéria enfatiza que é importante que a militância assimile as diferenças. "Sexualidade para os homens é um valor, para as mulheres é um horror. Uma mulher sexualmente livre é malvista, ao contrário do homem. Isso afeta a mulher lésbica." A escritora foi uma das criadoras do grupo Umas e Outras, que reunia lésbicas para saraus literários. Outra das criadoras, Laura Bacellar, comemorou um ano da primeira editora lésbica do Brasil, a Malagueta.
Laura fundou a editora junto com sua companheira, Hanna K. "Nos nossos romances, queremos protagonistas e visão homossexuais claras e assumidas", afirma Laura. Há duas gerações escrevendo atualmente: autoras mais velhas, entre 40 e 50 anos, que participaram da primeira fase do movimento gay, e uma nova geração, na casa dos 30 anos, que se formou na internet. "É um pouco mais fácil para elas do que foi para a geração anterior, as famílias aceitam com mais tranquilidade", diz Laura. "Elas são mais diretas em seus textos para falar o que acontece na cama, em detalhes, sem tanto pudor."
Outras editoras estão despertando para o nicho. O Grupo Editorial Summus tem o selo GLS, que só neste ano lançou seis títulos e cresceu 10% mais do que o resto do grupo. "As publicações voltadas para as lésbicas estão mais interessantes", reconhece Soraia Bini Cury, editora-executiva da Summus. "Mas não existia abertura para esses livros. De uns tempos para cá, elas estão assumindo junto com os gays a militância pelos direitos humanos", diz a editora. Os críticos desse movimento alertam para o perigo de as lésbicas quererem se fechar em guetos, justamente no momento em que os gays estão conseguindo mais espaço na sociedade. A semióloga Edith Modesto, que acaba de lançar "Entre Mulheres", de depoimentos homoafetivos, discorda. "Isso é preconceito", afirma. "Não se trata de se isolar. Pessoas com as mesmas características se sentem bem de ter um espaço próprio para discutir seus assuntos." Para Stéphanie Arc, a ideia de gueto também não se aplica. "Não é um conceito exato, porque o gueto é onde você está à força, contra a sua vontade. E isso jamais me ocorreu quando estou num bar para mulheres."

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

DICAS DE FILMES COM TEMÁTICA GAY






































O psicólogo brasileiro Klecius Borges lançou na última quarta-feira, dia 5, o livro "Terapia Afirmativa", uma obra dedicada à Psicologia e à Psicoterapia dirigida a gays, lésbicas e bissexuais. Segundo Klecius, a orientação homoafetiva tem especificidades que justificam uma abordagem com características próprias e centrada exclusivamente nesta questão, razão que o incentivou a direcionar seu trabalho a gays, lésbicas e bissexuais. Outra razão para o trabalho estar direcionado a esse público é a grande experiência pessoal e com tais questões e sua vivência no exterior junto a grupos que lidavam exclusivamente (e seriamente) com esta temática.De acordo com a visão afirmativa, a identidade homossexual é expressão natural, espontânea e positiva da sexualidade humana, em nada inferior à identidade heterossexual. Essa nova forma de abordar a homossexualidade, tanto do ponto de vista conceitual quanto clinico é tema do livro "Terapia Afirmativa - Uma introdução à psicologia e à psicoterapia dirigida a gays, lésbicas e bissexuais". Nele, o psicólogo Klecius Borges reúne informações e orientações que visam a combater o preconceito e a discriminação em um lugar em que a singularidade, a intimidade e as escolhas individuais devem ser abordadas com respeito ímpar: o consultório psicoterápico.
o livro "Terapia Afirmativa", em que apresenta um resumo sobre a abordagem clínica desenvolvida a partir de 1973, quando a Associação Americana de Psiquiatria retirou a homossexualidade de seu manual de diagnósticos psiquiátricos.Para Klecius, é a homofobia _e não a homossexualidade_ que deve ser condierada patologia. É ela [homofobia] a responsável pelo desenvolvimento dos sintomas psicológicos encontrados com mais frequência entre a comunidade homossexual.Segundo Borges, há três formas de manifestação da homofobia: sóciocultural, institucionalizada e internalizada. A homofobia sóciocultural tem como base a crença de que a homossexualidade, especialmente a masculina, ameaça a estrutura patriarcal na qual os valores masculinos predominam. Aqui, o homossexual é visto como um ser efeminado, e por isso mesmo, diminuído em sua escala social (preconceito de gênero). A homofobia institucionalizada parte do pressuposto de que todos são heterossexuais, originando demandas ignoradas dos grupos sociais, cobertura da mídia de modo enviesado, identificação de estereótipos negativos e demarcação de "guetos" onde atitudes homossexuais são mais "toleradas".Por último, a homofobia internalizada, oriunda do contexto e a que mais associa imagens negativas aos homossexuais, já que está enraizada por quem nasceu e cresceu em um ambiente heterocentrado.O objetivo de uma terapia afirmativa é auxiliar o paciente a tonar-se mais autêntico por meio da integração dos sentimentos, pensamentos e desejos homossexuais às diferentes áreas da vida, não apenas sexual, desenvolvendo dessa forma uma identidade gay positiva.
Terapia Afirmativa - Uma introdução à psicologia e à psicoterapia dirigida a gays, lésbicas e bissexuais104 páginasR$ 28,90Edições GLS

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

ENTREVISTA: O CONGRESSO É MUITO HOMOFÓBICO

POR MAHOMED SAIGG, RIO DE JANEIRO

Rio - Vítimas da intolerância sexual, lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros são caçados diariamente nas comunidades do Rio. Conforme O DIA mostrou em série de reportagens esta semana, os homossexuais que moram nas favelas cariocas são alvo do preconceito e da ira de milicianos e traficantes. Muitos acabam assassinados por causa de sua orientação sexual.
O aumento dessa violência, que já invadiu até as salas de aula, chamou a atenção da senadora Fátima Cleide (PT-RO). Relatora do projeto de lei que criminaliza a homofobia, ela afirma que o Congresso Nacional é homofóbico. Inconformada com a dificuldade para aprovar a medida, na sexta-feira a senadora foi à tribuna mostrar as reportagens e cobrar atitude dos demais parlamentares.
O DIA: O que falta para a aprovação do projeto de lei que criminaliza a homofobia no Brasil?
Fátima: Relatei o projeto de lei em março de 2008. Mas até agora ele não pôde ser votado sequer na Comissão de Assuntos Sociais por causa de pedidos de vista e votos em separado feitos por alguns senadores. A verdade é que esta proposta tem enfrentado grande rejeição por parte de parlamentares que compõem a Frente Evangélica no Congresso, que são contra sua aprovação.
E o que esses políticos dizem sobre a violência gerada pela homofobia?
O Congresso Nacional é reflexo da sociedade. Como boa parte dos brasileiros tem preconceito, muitos têm receio político de se posicionar na defesa dos direitos humanos, sobretudo de homossexuais. O Congresso é muito homofóbico.
Por quê?
Por causa das próprias atitudes dos parlamentares. Aqui mesmo no Congresso é comum a gente ouvir piadas sobre a orientação sexual de deputados e senadores.
Quais as principais consequências da demora na aprovação desta lei?
Como não existe punição para quem age de maneira homofóbica no Brasil, o preconceito não para de aumentar. E está ficando cada vez mais violento. Uma das principais consequências dessa falta de punição é o isolamento de lésbicas, gays e travestis, que estão ficando cada vez mais limitados a guetos na sociedade.
Como a senhora vê a homofobia nas salas de aula?
Esse problema é gravíssimo porque aumenta a violência nas escolas e a evasão escolar. Hoje em dia, para um homossexual sobreviver na escola, é preciso que tenha muita determinação e força de vontade, porque o preconceito é muito grande. Mas nem sempre isso é suficiente. Se um aluno homossexual é perseguido no colégio, a tendência é que ele não volte nunca mais. Por isso é importante que os professores estejam preparados para lidar com situações como essa.
Muitos homossexuais dizem que não conseguem ingressar no mercado de trabalho. A senhora acredita que esta dificuldade está atrelada à homofobia?
Não há dúvidas de que sim. Se pessoas com alta preparação têm dificuldade para conseguir um emprego, imagina um homossexual que não consegue concluir sequer o Ensino Fundamental! Esse é o caso de muitos gays e lésbicas que abandonam a escola antes de concluir os estudos por causa da perseguição que sofrem.
A senhora acha que a homofobia é mais grave nas favelas e subúrbios?
O preconceito está em todo lugar. Mas nas favelas e periferias, a homofobia é ainda maior. É onde ela se apresenta da forma mais violenta. É também onde ela é mais consentida pela população, que finge não ver o que está acontecendo.
O que fazer para conseguir reverter este quadro?
A homofobia é uma questão cultural, que só será superada com educação. A escola tem um papel fundamental no processo de superação dessa questão. Mas nós já atingimos um patamar tão grande de violência que só a educação não resolve. Por isso insistimos na criminalização da homofobia.
Fonte: O Dia

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

JESUS É ESTRELA DE CAMPANHA RELIGIOSA PARA GAYS

"Jesus era preconceituoso?" pergunta a campanha lançada pela Igreja Metropolitana Comunitária (MCC) que tem congregações em mais de 20 países.
A campanha é composta por cartazes onde aparece a imagem de Jesus e citações da Bíblia.
Cinco das congregações, que ficam no Estado do Texas, lançaram os dois cartazes e querem provar com a história da Bíblia que Cristo não tinha preconceito.
Versos de Mateus (8:5-13) e Lucas (7:1-10), segundo os criadores da campanha, foram dirigidos a um centurião que era gay.
Essa afirmação tem por base a palavra usada para se referir ao centurião, o termo grego "país" que, segundo a Igreja, significa parceiro do mesmo sexo.
"As pessoas que têm fé provavelmente não imaginam que Jesus não era preconceituoso, entretanto, ninguém tinha feito essa indagação antes" diz o texto postado no site da congregação.

Da Redação do Toda Forma de Amor com informações do Pink News