sexta-feira, 30 de outubro de 2009

ENTENDA LEI: PLC 122/2006

Nos últimos 30 anos, o Movimento LGBT Brasileiro vem concentrando esforços para promover a cidadania, combater a discriminação e estimular a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
A partir de pesquisas que revelaram dados alarmantes da homofobia no Brasil, a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), juntamente com mais de 200 organizações afiliadas, espalhadas por todo o país, desenvolveram o Projeto de Lei 5003/2001, que mais tarde veio se tornar o Projeto de Lei da Câmara (PLC) 122/2006, que propõe a criminalização da homofobia.
O projeto torna crime a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero - equiparando esta situação à discriminação de raça, cor, etnia, religião, procedência nacional, sexo e gênero, ficando o autor do crime sujeito a pena, reclusão e multa.
Aprovado no Congresso Nacional, o PLC alterará a Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, caracterizando crime a discriminação ou preconceito de gênero, sexo, orientação sexual e identidade de gênero. Isto quer dizer que todo cidadão ou cidadã que sofrer discriminação por causa de sua orientação sexual e identidade de gênero poderá prestar queixa formal na delegacia. Esta queixa levará à abertura de processo judicial. Caso seja provada a veracidade da acusação, o réu estará sujeito às penas definidas em lei.
O texto do Projeto de Lei PLC 122/2006 aborda as mais variadas manifestações que podem constituir homofobia; para cada modo de discriminação há uma pena específica, que atinge no máximo 5 anos de reclusão. Para os casos de discriminação no interior de estabelecimentos comerciais, os proprietários estão sujeitos à reclusão e suspensão do funcionamento do local em um período de até três meses. Também será considerado crime proibir a livre expressão e manifestação de afetividade de cidadãos homossexuais, bissexuais, travestis e transexuais.
Apesar dos intensos esforços e conquistas do Movimento LGBT Brasileiro em relação ao PLC 122, ainda assim, ele precisa ser votado no Senado Federal. O projeto enfrenta oposição de setores conservadores no Senado e de segmentos de fundamentalistas religiosos. Por este motivo, junte-se a nós e participe da campanha virtual para divulgar e pressionar os senadores pela aprovação do projeto.
Para ler o projeto de lei na íntegra, clique aqui.
Por quê a lei?
Ainda não há proteção específica na legislação federal contra a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero;
Por não haver essa proteção, estimados 10% da população brasileira (18 milhões de pessoas) continuam a sofrer discriminação (assassinatos, violência física, agressão verbal, discriminação na seleção para emprego e no próprio local de trabalho, escola, entre outras), e os agressores continuam impunes;
Por estarmos todos nós, seres humanos, inseridos numa dinâmica social em que existem laços afetivos, de parentesco, profissionais e outros, essa discriminação extrapola suas vítimas diretas, agredindo também seus familiares, entes queridos, colegas de trabalho e, no limite, a sociedade como um todo;
O projeto está em consonância com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, da qual o Brasil é signatário: “Artigo 7°: Todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm direito a igual proteção da lei. Todos têm direito a proteção igual contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação”;
O projeto permite a concretização dos preceitos da Constituição Federal: “Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação [...] / Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”;
O projeto não limita ou atenta contra a liberdade de expressão, de opinião, de credo ou de pensamento. Ao contrário, contribui para garanti-las a todos, evitando que parte significativa da população, hoje discriminada, seja agredida ou preterida exatamente por fazer uso de tais liberdades em consonância com sua orientação sexual e identidade de gênero;
Por motivos idênticos ou semelhantes aos aqui esclarecidos, muitos países no mundo, inclusive a União Européia, já reconheceram a necessidade de adotar legislação dessa natureza;
A aprovação do Projeto de Lei contribuirá para colocar o Brasil na vanguarda da América Latina, assim como o Caribe, como um país que preza pela plenitude dos direitos de todos seus cidadãos, rumo a uma sociedade que respeite a diversidade e promova a paz.
Fonte: Projeto Aliadas – ABGLT
Verdades e Mentiras sobre o PLC 122/06
Desde que começou a ser debatido no Senado, o projeto de lei da Câmara 122/2006, que define os crimes resultantes de preconceito de raça, cor, etnia, religião, procedência nacional, gênero, sexo, orientação sexual e identidade de gênero tem sido alvo de pesadas críticas de alguns setores religiosos fundamentalistas (notadamente católicos e evangélicos).Essas críticas, em sua maioria, não têm base laica ou objetiva. São fruto de uma tentativa equivocada de transpor para a esfera secular e para o espaço público argumentos religiosos, principalmente bíblicos. Não discutem o mérito do projeto, sua adequação ou não do ponto de vista dos direitos humanos ou do ordenamento legal. Apenas repisam preconceitos com base em errôneas interpretações religiosas.Contudo, algumas críticas tentam desqualificar o projeto alegando inconsistências técnicas, jurídicas e até sua inconstitucionalidade. São críticas inconsistentes, mas, pelo menos, fundamentadas pelo aspecto jurídico. Por respeito a esses argumentos laicos, refutamos, abaixo, as principais objeções colocadas:1. É verdade que o PLC 122/2006 restringe a liberdade de expressão?Não, é mentira. O projeto de lei apenas pune condutas e discursos preconceituosos. É o que já acontece hoje no caso do racismo, por exemplo. Se substituirmos a expressão cidadão homossexual por negro ou judeu no projeto, veremos que não há nada de diferente do que já é hoje praticado.É preciso considerar também que a liberdade de expressão não é absoluta ou ilimitada - ou seja, ela não pode servir de escudo para abrigar crimes, difamação, propaganda odiosa, ataques à honra ou outras condutas ilícitas. Esse entendimento é da melhor tradição constitucionalista e também do Supremo Tribunal Federal.2. É verdade que o PLC 122/2006 ataca a liberdade religiosa?Não, é mentira. O projeto de lei não interfere na liberdade de culto ou de pregação religiosa. O que o projeto visa coibir são manifestações notadamente discriminatórias, ofensivas ou de desprezo. Particularmente as que incitem a violência contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais.Ser homossexual não é crime. E não é distúrbio nem doença, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde). Portanto, religiões podem manifestar livremente juízos de valor teológicos (como considerar a homossexualidade "pecado"). Mas não podem propagar inverdades científicas, fortalecendo estigmas contra segmentos da população.Nenhuma pessoa ou instituição está acima da Constituição e do ordenamento legal do Brasil, que veda qualquer tipo de discriminação.Concessões públicas (como rádios ou TV's), manifestações públicas ou outros meios não podem ser usados para incitar ódio ou divulgar manifestações discriminatórias – seja contra mulheres, negros, índios, pessoas com deficiência ou homossexuais. A liberdade de culto não pode servir de escudo para ataques a honra ou a dignidade de qualquer pessoa ou grupo social.3. É verdade que os termos orientação sexual e identidade de gênero são imprecisos e não definidos no PLC 122, e, portanto, o projeto é tecnicamente inconsistente?Não, é mentira. Orientação sexual e identidade de gênero são termos consolidados cientificamente, em várias áreas do saber humano, principalmente psicologia, sociologia, estudos culturais, entre outras. Ademais, a legislação penal está repleta de exemplos de definições que não são detalhadas no corpo da lei.Cabe ao juiz, a cada caso concreto, interpretar se houve ou não preconceito em virtude dos termos descritos na lei.
Fonte: Projeto Aliadas/ABGLT

EM FOCO: HOMOFOBIA NOS LIVROS DIDÁTICOS, UM DESAFIO AO SILÊNCIO



Pesquisa diz que livros didáticos distribuídos pelo Ministério da Educação ignoram homossexualidade

Pesquisa realizada pela ONG Anis em parceria com a Universidade de Brasília (UnB) verificou que os livros didáticos distribuídos pelo Ministério da Educação (MEC) às escolas públicas ignoram a homossexualidade. A pesquisa foi financiada pelo Programa Nacional DST/Aids do Ministério da Saúde e feita nos últimos dois anos em 61 das 98 publicações de maior distribuição nos ensinos fundamental e médio. A avaliação do conteúdo contou com a participação de juristas, sociólogos e pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS). O trabalho foi norteado por sete vertentes: sexo, gênero, família, diversidade social, diversidade sexual, reprodução biológica e doenças sexualmente transmissíveis. O resultado da pesquisa é decepcionante: os livros simplesmente ignoram a diversidade sexual. Outro dado triste da pesquisa é em relação aos dicionários. Foram analisados 24 publicações e alguns deles traziam claros preceitos discriminatórios em seus verbetes. Um deles, ao dar sinônimos para o verbete "gay" usa as expressões "veado, homossexual, pederasta".
Em Foco: homofobia nos livros didáticos, um desafi o ao silêncio
No que diz respeito à diversidade sexual, a realidade brasileira é aindaassustadora. Temos um dos maiores índices de assassinatos de lésbicas,gays, bissexuais, travestis e transexuais do mundo, somado às diferentesformas de agressão cotidianas por parte de nossas instituições sociais. Essasformas específi cas de violência são designadas como homofobia, ou seja, umaatitude de hostilidade à diversidade sexual, que carrega a exclusão de um outroconsiderado inferior ou anormal.1No campo educacional, as políticas e as relações escolares poucoescapam desse contexto: também abrigam a homofobia e reforçam práticasheterossexistas de forma sutil ou mais explícita. Contudo, a discriminaçãoconvive com sua denúncia e com a forte politização do tema pelos movimentossociais. No caso das políticas públicas de educação, essas preocupaçõesestão claramente expressas na criação dos Parâmetros CurricularesNacionais, que introduzem a orientação sexual como tema transversal, doPlano Nacional de Educação em Direitos Humanos e do programa federalBrasil sem Homofobia: programa de combate à violência e à discriminaçãocontra GLBT e promoção da cidadania homossexual. Recentemente, aConferência Nacional de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuaisreafirmou o compromisso do governo do Brasil com essa população. Emrelação à educação, todos os documentos acima referidos enfatizam aimportância da formação docente na área da sexualidade e das relaçõesde gênero, o estímulo à produção de materiais educativos sobre o tema,bem como a constituição de equipes multidisciplinares para a avaliação doslivros didáticos, de modo a eliminar conteúdos discriminatórios sexistas,heterossexistas e homofóbicos nos materiais pedagógicos.Apesar dos signifi cativos avanços, após uma década desde a proposição daorientação sexual como conteúdo escolar nos Parâmetros Curriculares Nacionais,a abertura conceitual à promoção da diversidade sexual parece não ter sidoefetivada para além da desigualdade de gênero no que compete aos direitos sexuais.Ainda é preterida a consideração das orientações sexuais não-heterossexuais e dadiversidade de gênero avessas à linearidade da determinação do sexo biológicosobre as apresentações sociais do feminino ou do masculino.É nesse contexto que os artigos publicados nesta sessão ganham relevância. Com base em pesquisa nacional – intitulada Qual diversidade sexual dos livros didáticos brasileiros?2–, as refl exões aqui agrupadas examinam sob diferentes ângulos a qualidade discursiva sobrediversidade sexual enunciada em 67 dos 100 livros didáticos mais distribuídos pelo ProgramaNacional do Livro Didático e pelo Programa Nacional do Livro Didático para o Ensino Médioentre as escolas públicas do país. Para além da busca de afi rmações expressamente homofóbicas,a análise do conteúdo dos livros didáticos primou pela demarcação e crítica de estratégiasdiscursivas que endossassem a naturalização da heterossexualidade e dos estereótipos de gênero,superando a estrita referência às homossexualidades. Tal análise abrangeu o exame das políticaspúblicas de educação, dos dicionários e dos livros didáticos utilizados nas escolas públicas, dasconcepções de família e de conjugalidade neles contidas e da reiterada ausência de conteúdos eimagens diretamente relacionados às idéias de diversidade sexual.Assim, Debora Diniz e Tatiana Lionço, no artigo Homofobia, silêncio e naturalização – por umanarrativa da diversidade sexual, analisam os livros didáticos como ferramentas pedagógicas paraa promoção dos princípios estabelecidos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais e comparam asmodalidades discursivas neles contidas aos dicionários utilizados nas escolas públicas. As autorasconcluem que, enquanto nos livros didáticos não há injúrias homofóbicas, embora a diversidadesexual apareça naturalizada e obscurecida pelo reforço da heterossexualidade e do binarismo degênero, os dicionários são mais diretos ao veicularem afi rmações expressamente homofóbicas.Diversidade sexual, educação e sociedade: refl exões a partir do Programa Nacional doLivro Didático, dos autores Roger Raupp Rios e Wederson Rufi no dos Santos, examina comoa diversidade sexual tem sido abordada pelas políticas públicas brasileiras, com ênfase noPrograma Nacional do Livro Didático e no Programa Nacional do Livro Didático para o EnsinoMédio, e ressaltam suas potencialidades e limites quando se trata da superação da homofobia.Cláudia Vianna e Lula Ramires, no artigo A eloqüência do silêncio – gênero e diversidadesexual nos conceitos de família veiculada nos livros didáticos analisam como a noção defamília, amplamente apresentada em grande parte dos livros didáticos, incorpora dimensõescontraditórias das relações de gênero na parentalidade e conjugalidade. Apesar dos avançosquanto aos padrões de família veiculados, a presença da diversidade sexual e de famíliashomoparentais em imagens ou textos ainda se constitui em um campo de silenciamento esustenta a possibilidade da homofobia na medida em que exclui outras alternativas.Finalmente, Malu Fontes, no artigo Ilustrações do silêncio e da negação: a ausência deimagens da diversidade sexual em livros didáticos, analisa os sentidos e as implicações da totalausência de imagens relacionadas à diversidade sexual nos livros, o que também colabora para amanutenção de comportamentos sociais homofóbicos.Acreditamos, portanto, que o conjunto das refl exões aqui apresentadas contribui para umaapreciação mais exata dos avanços e desafi os impostos às políticas públicas de educação voltadaspara a superação das desigualdades de gênero e para a afi rmação da diversidade sexual, emespecial àquelas voltadas para a avaliação, produção e distribuição dos livros didáticos.
1 Adotamos aqui a defi nição de BORRILLO, D. L´homophobie. Paris: Presses Universitaires de France, 2000.
2 O Projeto “Qual a diversidade sexual dos livros didáticos brasileiros?”, TC N. 247/07, foi fi nanciado pelo acordo decooperação PN-DST-AIDS/SVS/Ministério da Saúde/BIRD/UNODC – Projeto AD/BRA/03/H34 Acordo de empréstimoBIRD 4713-BR e executado pela Anis: Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero, com parceria da Universidadede Brasília, Universidade do Estado de São Paulo, Universidade Federal da Bahia e Universidade Federal do Rio Grandedo Sul. A equipe agradece à Editora do Brasil, Editora Dimensão e ao IBEP; às bibliotecas do Centro Educacional AsaNorte, do Centro de Ensino Médio Paulo Freire e Centro Educacional GISNO pelo apoio na fase de coleta de dados.
Cláudia Vianna e Debora Diniz
Organizadoras
Fonte: Revista Psicologia Política, v. 8, nº16(2008)

terça-feira, 27 de outubro de 2009

PRECONCEITO HOMOSSEXUAL

Preconceito homossexual

Por Içami Tiba

A grande maioria (80% a 98%) das pessoas de todas as sociedades em todo o planeta é heterossexual. Entre uma pessoa exclusivamente heterossexual e outra exclusivamente homossexual há o bissexual em diversas graduações nas suas composições. Existe uma graduação partindo de um extremo (hetero ou homossexual) para o outro, numa relação direta entre a diminuição de um e o aumento do outro.Durante muito tempo o mundo esteve dividido em atividades masculinas e femininas, com fundamentos na biologia básica. Entretanto, excluindo maternidade, parto e amamentação - que são trabalhos exclusivamente femininos, a maioria das atividades podem ser desempenhadas tanto por homens quanto por mulheres. Sem entrar no confronto do melhor ou do maior, é importante que as diferenças de gênero sejam complementares e enriquecedoras ao ser humano.Os hormônios masculinos e femininos podem contribuir com estas características, mas o fator cultural tem maior força. Como todos os outros, o preconceito homofóbico é cultural, pois não se nasce com ele. Não se escolhe ser homossexual, nem heterossexual.Uma criança faz o que tem vontade, brinca com o que lhe agrada e com o que lhe faz sentir prazer. É o padrão cultural do seu entorno que qualifica se suas ações são masculinas ou femininas. O mundo foi dominado por muito tempo pelos masculinos, que acreditavam no machismo (crença de que homens são superiores às mulheres e aos diferentes). Estes preconceitos foram assimilados por seus filhos, que os praticaram com seus circundantes. As mulheres são diferentes e complementares, mas não inferiores aos homens. Os machos sempre combateram o diferente, principalmente o homossexual. Até hoje, no Brasil, a cada dois dias um homossexual é assassinado por intolerância. Tais crimes são cometidos geralmente por machos homofóbicos. Seus filhos vão ser intolerantes com os colegas diferentes, que nem precisam ser homossexuais, por meio de bulliyng, ironias, rejeições, segregações, agressões etc. Basta que tenha modos, gosto, cor, religião, altura ou tipo corporal diferente para serem alvos de preconceitos.O preconceito homofóbico piora com a puberdade, quando os rapazes têm "mais testosterona que cérebro". A atração física independe do racional e da educação, como são os gostos por salgados e doces. Não é necessário que se ame os homossexuais, mas como também não é preciso odiá-los. Como seres humanos, os homossexuais têm tantos direitos quanto os heterossexuais. É com o surgimento dos hormônios sexuais que as pessoas podem ter egossintonia ou egodistonia sexual. A maioria dos seres humanos são egossintônicos sexuais, isto é, tem órgãos sexuais definidamente masculinos ou femininos e sentem atração sexual pelo sexo complementar. Os egodistônicos apresentam incompatibilidade entre a constituição física e o sentimento de atração. Na grande maioria dos homossexuais, tanto masculinos quanto femininos, é na puberdade que esta egodistonia fica bem mais evidente e muito sofrida. Faz parte da puberdade e da adolescência uma insegurança não só quanto ao desempenho sexual, mas também quanto à sua identidade sexual. Muitos púberes masculinos tomam atitudes machistas para sua própria autoafirmação. Uma destas atitudes é atacarem os diferentes e homossexuais. É como se pensassem: "Se eu ataco homossexuais é porque sou heterossexual". O grande engano é que não é preciso atacar nem os diferentes nem os homossexuais para ser heterossexual.Muitos destes egodistônicos lutam contra o que sentem, justificando-se pelo corpo que têm. Esconder, omitir, rezar, negar e outras tantas ações não o impedem de continuar sentindo. É como se eles estivessem na contramão da cultura vigente. Alguns se forçam e são forçados a mostrarem-se heterossexuais.Cabe a todos nós, professores, pais, educadores e cidadãos em geral preparar pessoas mais saudáveis, livres de preconceitos, não importa quais sejam.
Içami Tiba
Içami Tiba é psiquiatra e educador. Escreveu "Família de Alta Performance", "Quem Ama, Educa!" e mais 25 livros.
Site: www.tiba.com.br

SEMINÁRIO: HOMOFOBIA NA ESCOLA


21/10/2009 - 13h57

Professores ainda estão despreparados para lidar com diversidade sexual, alerta Marisa Serrano
Grande parte dos professores brasileiros ainda não possui formação adequada para lidar com a diversidade sexual dos alunos no cotidiano escolar. Com um agravante: as faculdades de pedagogia não tratam a questão da homossexualidade em profundidade, o que agrava ainda mais o problema.
A afirmação é da senadora Marisa Serrano (PSDB-MS) e foi feita nesta quarta-feira (21) na abertura do seminário Diversidade nas Escolas: Preconceito e Inclusão, promovido pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE).
O senador Romeu Tuma (PTB-SP) defendeu que o respeito humano e a luta contra a homofobia ganhem maior espaço nas escolas, enquanto o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) observou que acabar com o preconceito contra orientação sexual nos estabelecimentos escolares passa pela melhoria da educação em todo país.
O presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Toni Reis, concordou e disse que, de acordo com recente pesquisa, cerca de 60% dos professores não sabem lidar com esse segmento da sociedade na sala de aula.
A pesquisa revela ainda que 40% de meninos e meninas não gostariam de estudar com gays, lésbicas ou transexuais, e que 35% dos pais não se sentiriam à vontade se os seus filhos estudassem com membros da comunidade LGBT.
Toni Reis reconheceu, entretanto, que já houve avanços contra o preconceito sexual no país, a exemplo do programa do governo federal denominado "Brasil sem Homofobia". Mas defendeu a aprovação do projeto de lei (PLC 122/06) que pune quem praticar qualquer tipo de discriminação em razão da orientação sexual.

Preconceito

Para a coordenadora de Pesquisa da Rede de Formação Tecnológica Latino Americana, Miriam Abramovay, a principal discriminação dentro dos estabelecimentos escolares está ligada à homofobia. Fora das escolas, segundo acrescentou, a realidade não é diferente, porque nada menos do que 50% dos jovens, ouvidos em recente pesquisa, não gostariam de ter homossexuais como vizinhos.
Já o diretor da Pathfinder do Brasil, Carlos Laudari, exemplificou o preconceito contra os homossexuais ao recordar um fato que considerou chocante: um menino de oito anos de idade, considerado gay, foi jogado dentro de uma lata de lixo por seus colegas de escola.
A coordenadora geral de Direitos Humanos da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação, Rosiléia Maria Wille, destacou ações do governo destinadas a promover a inclusão social da comunidade LGBT, a exemplo do programa "Escolas sem Homofobia".
Já o coordenador do Programa da Organização das Nações Unidas (ONU) para HIV/AIDS, Pedro Chequer, informou que o organismo internacional preocupa-se com o problema e chegou a publicar um guia que, em um de seus capítulos, discute a sexualidade e o preconceito sexual já a partir dos cinco anos de idade, incluindo doenças sexuais, o que considera positivo.
No entender da diretora do Programa da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, Maria Elisabete Pereira, o Brasil não encara de frente o problema da temática da diversidade, a exemplo do que ocorre em outros países, mas reconheceu que houve alguns avanços. E pediu a realização de audiências públicas em todos os estados, com a presença dos secretários de Educação, para aprofundar o tema.

Cláudio Bernardo / Agência Senado(Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)



terça-feira, 20 de outubro de 2009

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

HOMENS TRANSEXUAIS






















por Lynn Conway
Tradução: Sônia John

Muitos miles de pessoas fizeram transições de gênero mulher a homem (FtM) e já vivem plenamente e com sucesso como homens, e outros muitos já estão no processo de tais transições. Estes números ultrapassam por muito o que geralmente se pensa. Fora de muita atenção pública, estes homens lutam contra muitos problemas físicos, médicos, familiares, sociais, legais, e de emprego enquanto transicionam y arrumam suas novas vidas. Depois de resolver as dificuldades típicas de uma transição de gênero, a maioria deles vivem de modo furtivo e deixam o passado para atrás. Geralmente “escondem à plena vista” para evitar preconceito social e para prosseguir com a nova vida. Os sucessos pessoais destes homens asseguram que se assimilam e se misturam bem dentro da sociedade, com resultado que é quase impossível que alguém perciba que tivéssem um passado transexual. Recentemente a invisibilidade do transexualismo FtM vem sendo diminuindo, em parte porque um número destes homens criaram sites na internet com o objetivo de contar suas histórias e ajudar aos demais. Os sites indicados abaixo, que contêm informação valiosa da experiência FtM, nos mostram a cara humana das vidas destes homens. Ali encontrará links às histórias y experiências de homens sucedidos que servem como modelos para jovens FtM e como uma fonte de informação de primeira mão sobre as transições deles para a masculinidade. As histórias destes homens podem fornecer esperança, ánimo e exemplos a outros, especialmente aos jovens adolescentes transexuais que enfrentam uma transição de gênero. Tais adolescentes (e os pais e seres queridos deles) necessitam aprender que já é possível uma transição de género FtM sucedida. Sem modelos visíveis como os de abaixo, pode ser difícil para eles visualizar as possibilidades atuais. Assim, se os pais puderem aprender a perceber o filho transexual como “un rapaz com um problema físico” em vez de “uma moça com um problema mental,” o futuro de tal filho será especialmente esperançoso. Com o apoio e amor dos pais, um jovem transexual pode realmente alcançar seus sonhos y chegar a experimentar uma vida plena como um homem.

Anthropologist, Author (more)-FOTO 3, Jason Cromwell, Ph.D.